Referência nas discussões sobre inovação e tecnologia no mercado de saúde, a Associação Brasileira da Indústria de Tecnologia para Saúde (ABIMED) marca mais uma vez sua presença na Hospitalar 2023.
A programação seguiu durante três dias consecutivos - 23, 24 e 25/05 - e contou com representantes da Organização das Nações Unidas (ONU), Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) e alguns dos principais fabricantes de tecnologias médicas presentes no país.
Na pauta, temas como desenvolvimento sustentável, cibersegurança, regulatório foram abordados pelos especialistas convidados, em mesas com a participação dos especialistas da ABIMED. E, além dos debates, a Hospitalar foi palco escolhido para o lançamento de dois estudos com olhares sobre as aplicações de tecnologia na saúde,
Na visão de Fernando Silveira Filho, presidente executivo da ABIMED, “essa edição de 30 anos da Hospitalar sem dúvidas está superando todas as expectativas de forma positiva”. A avaliação, segundo o executivo, se deve ao “fluxo de público muito grande, um ótimo volume de expositores e, por parte da ABIMED em particular, um volume bastante expressivo de contribuições e discussões sobre temas relevantes para o setor”.
“Para 2024, a ABIMED tem como expectativa ampliar ainda mais sua participação, trazer mais debatedores e mais painelistas para discutir diversos temas. Esperamos também ter uma participação ainda mais expressiva de visitantes e, sem dúvidas, termos uma área de recepção para nossas associadas e stakeholders em geral ainda mais confortável e agradável do que a deste ano”, apontou.
O impacto tecnológico no bem-estar social
Durante a Hospitalar, a ABIMED e a LCA Consultores apresentaram os resultados de um estudo sobre os ganhos, em termos de bem-estar social, gerados pela tecnologia na saúde.
Participaram do lançamento do estudo Bruno Sobral, secretário executivo da Confederação Nacional de Saúde (CNSaúde); Mirocles Campos Véras Neto, presidente da Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB); Renato Freire Casarotti, presidente da Associação Brasileira de Planos de Saúde (ABRAMGE); Eliezer Silva, diretor executivo do Sistema de Saúde do Hospital Israelita Albert Einstein; Alessandro Campolina, coordenador do laboratório de ATS da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP); Thiago Caliari, professor associado do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA); e Verônica Lazarini, gerente de projetos da LCA. A mediação ficou a cargo de Fernando Silveira Filho, presidente executivo da ABIMED.
Ao analisar os dados obtidos pelo estudo, foi possível compreender que o Índice de Tecnologia Médica tem impacto positivo sobre o custo de saúde. Um aumento de 1% no índice impacta positivamente o gasto em saúde per capita em 0,494%. Entre 2009 e 2019, o aumento da tecnologia médica provocou a elevação dos gastos em saúde em R$ 97,68 bilhões (ANS + SUS). Em termos de bem-estar, por sua vez, verificou-se que o acréscimo de 1% no índice de tecnologia aumentou em 0,00868% a proporção da população acima de 65 anos e reduziu em 0,0253% a mortalidade infantil.
“O principal objetivo do estudo foi trazer luz sobre as duas esferas da tecnologia médica – custo e bem-estar social – a fim de auxiliar na condução das discussões acerca da sua importância nas condições socioeconômicas do País e na tomada de decisão sobre utilização ou não de tais tecnologias pelos sistemas de saúde”, explicou Fernando Silveira Filho.
Incorporação tecnológica
A Hospitalar também foi palco para o lançamento de um estudo inédito de Boas Práticas sobre a Avaliação de Tecnologias em Saúde (ATS) para procedimentos e dispositivos médicos.
O objetivo é mostrar que as submissões, avaliações e decisões sobre a incorporação de tecnologias ao Sistema Único de Saúde (SUS) e ao rol da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) podem ser elaboradas com maior rigor técnico-científico, de forma mais transparente e com ampla participação social.
“Havia uma dor do setor de dispositivos médicos em relação à avaliação do rol da ANS, por exemplo, sobre requisitos que não eram possíveis de atender, barreiras éticas, entre outros. A partir disso, conversamos com diversos atores para produzir um estudo que fosse uma contribuição da indústria para essa discussão”, explicou o diretor-regional de Brasília da ABIMED, Felipe Carvalho.
De acordo com Gabriela Tannus Branco de Araújo, sênior partner do Axia Bio Group, o principal beneficiado pelo estudo será o paciente. Segundo ela, a pesquisa analisa minuciosamente dados secundários de diversas partes do mundo, buscando compreender a importância da Avaliação de Tecnologias em Saúde (ATS) para dispositivos médicos. “A proposta não é tornar o processo mais fácil, mas mais organizado com mais detalhes e com um bom nível técnico.”
É essencial que a indústria esteja ativamente envolvida na definição desses processos. Como ressaltou Fernanda Oliveira, gerente sênior de acesso da J&J Medtech, é necessário sair da posição de submissão e assumir um papel proativo na construção desses procedimentos.